Brecar tudo, não entregar nada!

A pandemia de COVID-19 piorou a situação que já era ruim para os entregadores/as de aplicativos. Por isso, nos últimos três meses eles e elas fizeram greves e paralisações em vários locais do Brasil. A luta é por melhores pagamentos e condições de trabalho, e contra bloqueios e exclusões. Para fortalecer essa luta, no dia 1 de julho atacarão com mais força os lucros das empresas de aplicativos (Ifood, Rappi, Uber Eats, entre outras) por meio da primeira greve nacional de entregadores/as de apps. A greve é necessária e justa, dado que um inimigo só recua e cede quando são causados danos contra ele. É também um exemplo de organização e luta para todas as trabalhadoras e trabalhadores do país e deve ser apoiada.

A pandemia e a quarentena aumentou o número de entregas e a importância do trabalho dos entregadores/as. Mesmo assim, eles e elas estão ganhando menos e as condições de trabalho pioraram, por isso exigem melhores pagamentos e condições. Agora estão correndo mais risco de morte, dado que além dos acidentes no trânsito podem ficar doentes com COVID-19. Por isso, exigem um auxílio pandemia que pague os custos com EPIs, álcool em gel e uma licença do trabalho para caso peguem a doença do coronavírus. Também exigem um seguro de vida, acidente e roubo. O fim dos bloqueios e desligamentos indevidos, assim como o fim do sistema de pontuação e restrição de local que força a competição entre entregadores/as e jornadas de trabalho mais longas.

Em momentos de crise fica mais exposto que os governos e os patrões favorecem os seus próprios interesses usando as trabalhadoras, os trabalhadores e o povo como objetos. O governo Bolsonaro-Mourão-Guedes e as empresas de aplicativos são exemplos disso que acontece. Por isso, para essas empresas não importa se os entregadores/as ganham uma miséria, trabalham muito e em péssimas condições, adoecem e morrem. O que importa é o lucro. Portanto, a greve nacional é justa e necessária, dado que causará maiores danos ao que importa para essas empresas. As exigências só poderão ser conquistadas causando danos para os seus lucros.

Nós da militância em São Paulo que faz parte da FOB, uma organização sindicalista para lutar pelos interesses da classe trabalhadora e transformar radicalmente a sociedade, independente de empresas, de partidos, do Estado e de governos, apoiamos a greve nacional de entregadores/as. Pedimos para que ajudem a divulgar a greve e no dia 01/07 não usem os apps de entregas e os de transporte de pessoas, e se possível, participem nas manifestações que acontecerão nas ruas.

A greve nacional será articulada internacionalmente com trabalhadores/as de apps da Argentina, Chile, Costa Rica, Equador, Guatemala, México e possivelmente de outros países.

Se não atenderem as exigências, nada será entregue!

Apoiar o #BrequeDosAPPs !

Sobre a imposição de mais miséria, morte e autoritarismo

O agravamento da situação de pandemia de COVID-19 e a crise está sendo mais favorável para os governos e os patrões impor uma política de mais miséria e morte ao povo trabalhador no Brasil. Alguns exemplos dessa política são: a Medida Provisória 936 (MP 936), que pode reduzir o salário em 25%, 50% e até 70%, suspender o contrato de trabalho, forçar negociações individuais que são aceitas pelos trabalhadores para evitar perder os seus empregos, e ainda assim não impede demissões; a MP 927 que complementa a 936 permitindo também a redução salarial e os acordos individuais forçados, além de suspender exigências de segurança e saúde no trabalho, mudar as regras para férias, usar o banco de horas para aumentar a jornada de trabalho sem pagar hora extra, entre outras permissões; e outro exemplo é a recente tentativa de aprovar a Carteira de Trabalho Verde e Amarela (MP 905), que piora a reforma trabalhista aprovada no governo Temer e com a justificativa de reduzir o desemprego gera um grupo mais precarizado de trabalhadores formais, com menores salários e menos direitos.

Agora que é mais necessário manter o emprego, o salário e garantir a renda por causa dos efeitos da pandemia, o desemprego está aumentando mais rápido e o salário e a renda diminuindo. Mesmo assim, o auxílio emergencial de R$ 600 por trabalhador e de no máximo R$ 1.200 por família está sendo disponibilizado e pago com muitas dificuldades e muita demora. Além disso, o auxílio é insuficiente para manter uma família e milhões de trabalhadoras e trabalhadores não poderão recebê-lo. Para piorar, o auxílio poderá ser reduzido para R$ 300.

Está acontecendo também o aumento do trabalho em casa (“home office”) onde é comum o trabalhador pagar a energia elétrica e o acesso à internet usado para o seu trabalho, e as empresas não fornecerem todos os equipamentos necessários ou nenhum, sem haver qualquer reembolso. É comum também que a jornada de trabalho seja maior podendo até não ser paga como deveria.

Como o desemprego está aumentando e a busca por trabalho formal agora está mais difícil, a tendência é aumentar mais rápido o trabalho informal, mesmo na pandemia. Alguns exemplos de trabalho informal que estão crescendo e continuam em atividade na pandemia são: entregador(a) de app e motorista de Uber. Os entregadores\as e motoristas de app estão correndo mais riscos de adoecer e morrer, recebendo menos e frequentemente fazendo jornadas de trabalho entre 12 e 16 horas por dia. Mesmo assim, as empresas (Uber, Ifood, entre outras) não asseguram o mínimo de segurança como o fornecimento de EPI’s, além de fazerem bloqueios e exclusões sem nenhum direito para o/a trabalhador/a.

Enquanto a situação está piorando, as centrais sindicais (CUT, Força Sindical, entre outras) nada fazem de efetivo para organizar e mobilizar a classe trabalhadora para lutar por suas condições de vida e trabalho e derrotar o governo Bolsonaro/Mourão. Quase todas essas centrais estão agindo para no máximo fazer negociações com o Congresso Nacional, o Senado, os patrões e outros inimigos do povo sobre como impor a precarização, a miséria e a morte.

A precarização do trabalho, o aumento do desemprego e do trabalho informal, o agravamento da miséria, a morte e mais autoritarismo são imposições de uma minoria privilegiada, rica e poderosa para beneficiar os seus próprios interesses. O governo Bolsonaro/Mourão e os governos estaduais e municipais, os patrões, o alto comando das forças armadas e das polícias, o Congresso Nacional, o Senado, o STF, a Rede Globo, entre outros grupos e frações, fazem parte dessa minoria onde mesmo havendo divergências e disputas dentro dela, existe uma coesão em relação aos seus interesses e imposições. As divergências e disputas são sobre quem terá mais poder para definir como a política de mais miséria e morte e um sistema (regime político) mais autoritário serão impostos.

Os problemas brevemente abordados aqui, e muitos outros problemas não mencionados, fazem parte de uma situação de crise que será de longo prazo. Isso não é apenas porque a pandemia pode ter várias ondas durante os próximos anos, mas também porque existe uma profunda crise econômica que se iniciou antes e continuará depois da pandemia. No decorrer dessa situação de longo prazo, os conflitos entre uma minoria (classes dominantes) e a classe trabalhadora vão se acirrar cada vez mais, tornando mais evidente que existem interesses irreconciliáveis. Por isso, nós da militância da FOB em São Paulo estamos nos preparando para estar no dia a dia com trabalhadoras e trabalhadores de várias áreas visando dar apoio e participar em lutas por condições de vida e trabalho, propondo uma alternativa de organização na luta sindical combativa e revolucionária.

Contra a miséria, a morte e o autoritarismo, só o povo salva o povo!
Fora Bolsonaro e Mourão! Todo poder ao povo!
Construir o sindicalismo revolucionário!

COMUNICADO SOBRE A MARCHA ANTIFASCISTA 2019, SÃO PAULO

A Marcha Antifascista 2019 foi coordenada pela Ação Antifascista São Paulo, junto com diversos coletivos e organizações populares: Antar. ARC, Bueiro Periférico. C16, DM16, FeminiVegan, FOB-SP, Mandela Free, Núcleo do Grajaú, OASL, P16, RASH, Rayo Proletário, Rede de Proteção e Resistência ao Genocídio e RP-Sindical.

Foram 2 meses de reunião em que foram preparadas comissões de propaganda e agitação, segurança e trajeto. Foi discutido o tom da Marcha esse ano, em que somou-se ao acúmulo de anos anteriores (contra o genocídio, a repressão e corte de direitos) também uma pauta ambiental e anti-imperialista (‘nem entreguismo, nem imperialismo, pela autodeterminação dos povos da floresta’). Como sempre, fez-se a memória do confronto entre Integralistas e Antifascistas em 1934, chamada ‘A Revoada das Galinhas’, em que os Antifascistas saíram vitoriosos. No trajeto, saímos da Sé, passamos pela antiga sede dos Integralistas e terminamos no antigo DOPS (Luz).

Pela primeira vez em 3 anos, a Marcha conseguiu chegar ao fim do trajeto desejado sem repressão. Isso foi possível devido às reuniões e alinhamento dos coletivos, que entenderam o momento e decidiram por uma estética menos ‘hostil’ (sem cobrir o rosto) e fazer agitação com os trabalhadores da região através de jornais, panfletos e conversas; também tivemos a presença da Fanfarra Clandestina, que manteve ritmo.

Uma semana antes da Marcha, o perfil de Twitter do Bolsonaro e de outros quadros do PSL, compartilharam massivamente a Marcha incentivando a extrema direita ao confronto. Conseguimos uma concentração de 500 pessoas, que afastou a possibilidade de conflito junto à disciplina dos organizadores às deliberações das reuniões. A polícia esteve presente em peso, de forma hostil, coldre aberto e envelopando os manifestantes do começo ao fim, filmando e fotografando cada um presente.

Os cantos incentivaram os presentes, dando grande eco entre a população presente no centro de São Paulo, a união entre diversas organizações demonstrou-se de extrema importância no combate ao fascismo seja em sua forma clássica ou neoliberal.